[O Cambista e sua Mulher $(1514)$, de Quentin Matsys]
Na Grécia não havia limitação para as taxas de juros, que oscilavam entre $12\%$ e $18\%$, sendo os juros pagos mensalmente. No tempo de Demóstenes $(384 – 322 a.C.)$ uma taxa de $12\%$ era considerada baixa.
Na Roma antiga, inicialmente, não havia nenhuma limitação à taxa de juro cobrada. Mas a Lei das Doze Tábuas $(c. 445 a.C.)$ limitou-a a $8\frac{1}{3} \%$ do capital, para cidadãos romanos. Somente no ano $100 a.C.$ essa taxa foi estendida aos estrangeiros. No período final do império romano foi adotada a prática de juros mensais. Inicialmente a taxa era de $1\%$, mas o imperador Justiniano $(482 – 565 d.C.)$ fixou-a em $0,5\%$ ao mês, derivando daí a taxa de $6\%$ ao ano.
Na Idade Média, havia distinção entre empréstimo para produção – para o qual era admitida uma certa remuneração – e o empréstimo para o consumo – sobre o qual o juro era considerado, pela igreja, contrário ao interesse público. Devido a essa restrição, o Direito Romano estabeleceu uma regra interessante para a remuneração de empréstimos: o devedor não pagava juro se quitasse o empréstimo em dia, mas, se atrasasse, tinha de compensar o credor com base na diferença ou aquilo que está entre (em latim, “id quod interest”) a posição deste último com o que teria – e o que efetivamente tinha nessa data. É provável que, no século $XIII$, essa regra tenha sido disciplinada com a fixação de uma certa porcentagem acordada preliminarmente. É dessa expressão latina que derivam as palavras interes (espanhol), intérêt (francês) e interest (inglês), que significam juro.
Durante a Renascença, a cobrança de juro continuou oscilando entre a proibição e a necessidade de regulamentação legal. Na Alemanha, a oposição à cobrança de juros era grande. Na Inglaterra, em $1545$, o Parlamento aprovou uma lei fixando em $10\%$ o limite máximo da taxa de juro. Os protestos foram tantos que a lei foi revogada, sendo, porém, reeditada em $1571$. No entanto, foi na Renascença, com o desenvolvimento do comércio que o juro passou a ser visto como um prêmio pelo risco envolvido no uso que o tomador faria do empréstimo e como um direito.
Em algumas aritméticas especializadas do século $XV$, para indicar $10\%$, encontram-se, por exemplo, expressões como: $X p 100$.
[$1339$ texto aritmétic em Rara Arithmetica pg. $437$]
O $p$ que aparece nessa expressão acima é a primeira letra de per (“por”). Encontram-se também as seguintes formas de per cento: per co e p co, auto-explicativas. No início do século $XVII$, essas formas transformaram-se em $per\ \div$ , mais tarde, o per foi abandonado, restando apenas $\div$.
[$1684$ texto aritmétic em Rara Arithmetica pg. $441$]
Esse símbolo é o antepassado mais próximo do símbolo que usamos atualmente: $\%$.
Referências:
[1] Matemática e Realidade – 7º Ano – Gelson Iezzi, Osvaldo Dolce e Antônio Machado.[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Percent_sign
[3] http://www.kingsacademy.com
Veja mais:
Alguma etimologiaA história do símbolo do infinito
A história do número zero
Olá Kleber, agora quando eu ver alguém reclamando de algum juro eu vou dizer "fique feliz por não ter nascido na Suméria 2000 anos atrás!"
ResponderExcluirAbraço.
Pedro R.
É mesmo Pedro. Reclamamos de barriga cheia! Rsss
ResponderExcluirUm abraço!
Olá, Kleber!
ResponderExcluirParabéns, parceiro!!!! Para realizarmos as nossas ações aqui na Terra, duas coisas no mínimo são necessárias: Tempo e dinheiro!!! Dessas duas grandezas superimportantes e superinteressantes eu chamo a atenção para o dinheiro e que na realidade, o mesmo, traduz a quantidade de energia (normalmente, potencial) com a qual podemos transformar os nossos desejos em realidades, segundo, a nossa atuação em vários cenários que se apresentam no jogo da vida. Agora, para que possamos nos garantir com um poder econômico, mesmo razoável, é preciso que estejamos atentos aí, principalmente, com essa prática de lucro e perda, por causa desse elemento que é... o juro!!!! Achei excelente as informações aqui exposta por você aqui no post! JURO que não sabia de tantas informações cronologicamente citadas no artigo!!!
JURO que também, não pago mais o "mico" de não saber de qual categoria gramatical provém o essa palavra. Achava que era... verbo!!!!
JURO ainda que... jamais emprestarei dinheiro a alguém que me prometa pagar o que me deve e prometendo a aplicação da taxa mais alta que se pode estabelecer e que é... "JURO QUE NÃO PAGO"!!!! KKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!!
Um abraço!!!!!