Todos os 110 problemas contidos nos papiros de Moscou e Rhind são numéricos, sendo alguns de origem prática e outros teóricos.
Basicamente a multiplicação era efetuada por uma sucessão de duplicações de um fator e o outro fator dado por uma soma de potências de base 2. O fato é que podemos expressar qualquer número como uma soma de potências de 2. Como por exemplo o número 5=22+20 e o número19=24+21+20.
O que os egípcios faziam era encontrar uma combinação das potências de 2 de modo a obter um dos fatores da multiplicação desejada.
Em uma das colunas, dispunham os números de base 2 até o número imediatamente inferior a um dos fatores. Na outra coluna escreviam duplicações do segundo fator. Na coluna das potências de 2, identificavam as potências cuja soma seria igual a um dos fatores e somavam as duplicações correspondentes da outra coluna, encontrando o produto desejado.
Vejamos a seguir alguns exemplos.
Exemplo 1: Encontrar o produto de 26 por 41
Primeiramente, escolhemos qual dos dois fatores será representado na coluna das potências de 2. Tomemos o número 26, mas também poderia ser o número 41.Paramos no número 16 porque o próximo número da sequência é o 32, que é maior do que o fator 26. Na outra coluna escrevemos duplicações do segundo fator:
Como 26=16+8+2, basta somarmos os múltiplos correspondentes de 41 na outra coluna:
Assim:
26×41=82+328+656=1066
Exemplo 2: Encontrar o produto de 112 por 173
Tomemos o número 112 para ser representado na coluna das potências de 2Paramos no 64 porque o próximo número da sequência é o 128, que é maior do que o fator 112. Na outra coluna escrevemos duplicações do segundo fator:
Como 112=64+32+16, basta somarmos os múltiplos correspondentes de 173 na outra coluna:
Assim:
112×173=2768+5536+11072=19376
Os egípcios usavam hieróglifos para representar números em base 10:
Vejamos como ficaria uma multiplicação egípcia com seus hieróglifos.
Exemplo 3: Encontrar o produto de 17 por 23
Os números 17 e 23 são representados assim pelos hieróglifos egípcios:
Tomemos o número 17 na primeira coluna. Colocamos os hieróglifos nas potências de base 2:
As duplicações de 23 são: 46, 92, 184, 368. Escrevemos na segunda coluna os hieróglifos correspondentes:
Como 17=16+1, basta somarmos os múltiplos correspondentes de 23 na outra coluna:
Assim, 17×23=368+23=391. Escritos em hieróglifos:
Uma observação interessante é que esta soma final assemelha-se ao que fazemos no ábaco. Pois quando somamos 3 hastes com 8 hastes, obtemos 11 hastes. Então, trocamos 10 hastes por 1 arco de cesto e mantemos uma haste.
Referências:
- [1] Introdução à História da Matemática - Howard Eves - Ed. Unicamp
- [2] Hieróglifos retirados do site http://discoveringegypt.com
Olá Kleber:
ResponderExcluirHá outro método de multiplicação egípcia. Eles criavam duas colunas; e à medida que iam dividindo um número da primeira coluna por 2, multiplicavam um número da segunda coluna por 2. Se a divisão por 2 não fosse exata, consideravam apenas a parte inteira. Quando aparecia na primeira coluna a unidade, então, paravam o processo, e em seguida,somavam-se somente os números da segunda coluna que correspondessem aos números ímpares da primeira coluna Vejamos o mesmo exemplo apresentado no post: 26 x 41:
26 41
(13) (82)
06 164
(03) (328)
(01) (656)
26 x 41 = 82 + 328 + 656 = 1066
Você pode está perguntando a si mesmo: e se fosse 41 x 26? O método não mudaria.
(41) (26)
20 52
10 104
(05) (208)
02 416
(01) (832)
41 x 26 = 26 + 208 + 832 = 1066
Abraços
Prof. Sebá
Olá Sebá, como vai?
ExcluirConhecia este tipo de multiplicação como método dos camponeses russos. Tinha lido em algum livro que não me lembro mais. Mas na época fiz um artigo sobre , veja: http://obaricentrodamente.blogspot.com.br/2011/03/metodo-da-multiplicacao-dos-camponeses.html
O interessante de tudo isso são os métodos empregados: encontravam alternativas para resolver a matemática rudimentar. Mas por outro lado, o métodos são bem elaborados e hoje podemos ver a complexidade de cada um.
Um abraço!