02/04/2021

A perseguição a matemáticos na Segunda Guerra Mundial

A ascensão de Hitler e do Partido Nacional Socialista ao poder na Alemanha desencadeou uma catástrofe que logo afetaria as instituições matemáticas em todo o mundo.

A perseguição a matemáticos na Segunda Guerra Mundial


Na primavera de 1933, numerosos professores foram despedidos de universidades alemãs. Isto, associados a ações subsequentes mais graves contra indivíduos de origem judaica ou que tivessem opiniões políticas opostas, resultaram em uma grande migração de estudiosos da Alemanha ou países ocupados pela Alemanha, bem como na morte de muitos dos que ficaram.


Outro resultado foi a diminuição de alguns dos mais bem estabelecidos centros da matemática da Europa ocidental e central. De modo parecido, tentativas de expurgo de matemáticos da União Soviética reprimiram o crescimento em diversos dos centros de atividade mais novos. Algumas das perdas institucionais e individuais mais severas ocorreram na Polônia, com o fechamento das universidades depois de 1939, a destruição das coleções matemáticas da Universidade de Varsóvia, a deportação de perto de 200 membros do corpo docente da Jagellonian University, em Cracóvia, e a matança planejada dos professores em Lvov, em julho de 1941.


Um grande número de matemáticos europeus foi para os Estados Unidos. Entre os mais conhecidos, estavam Hermann Weyl e também os algebristas Emil Artin, Richard Brauer e Emmy Noether; os analistas Richard Courant e Jacques Hadamard;o especialista em probabilidades William Feller; o estatístico Jerzy Neyman; os lógicos Kurt Gödel e Alfred Tarski; o historiador da matemática Otto Neugebauer, para citar só uns poucos.


Houveram matemáticos que não foram sujeitos a perseguições que deixaram a vida profissional, em geral, matemáticos de início de carreiras, para evitar afiliações institucionais ou organizacionais que eram incompatíveis com suas crenças morais; poucos deles reapareceram após o fim da guerra. Por outro lado, lembrando apenas três da multidão dos que não escaparam, Hausdorff cometeu suicídio para evitar a deportação; Otto Blumenthal, o primeiro aluno de doutorado de Hilbert, morreu em Theresienstadt; e Stanislaw Saks, o famoso contribuidor para a teoria de integração no século vinte, foi morto em Varsóvia.


A realocação de tantos matemáticos que encontraram refúgio resultou na infusão de novas ideias em muitos centros matemáticos. Isto apresentou um desafio tanto aos que foram confrontados com novos conceitos quanto aos que tentavam superpô-los ao sistema vigente.


Os matemáticos foram igualmente desafiados pelos novos problemas encontrados na Segunda Guerra Mundial. Especialmente importante nessa época foi a necessidade da matemática aplicada. Cálculo de tabelas e a metodologia da pesquisa operacional são só dois exemplos de áreas que reorientaram a atenção de muitos matemáticos provindos de áreas completamente diferentes. Entretanto, a maior parte do enorme desenvolvimento ocorrido durante os vinte anos seguintes à Segunda Guerra foi estimulada por problemas de dentro da própria matemática pura; mas no mesmo período, as aplicações da matemática às ciências se multiplicaram enormemente.


Alan Turing provavelmente é o mais famoso dos matemáticos britânicos envolvidos na Segunda Guerra Mundial. Decifrou o código de comunicação secreta dos nazistas, fundamentando as bases do uso de computadores para resolver problemas utilizando etapas de uma sequência lógica, fornecendo as bases teóricas para o computador moderno.


Turing foi punido por uma sociedade do pós-guerra, sendo submetido à castração química em 1952, após ter sido preso por "ultraje aos bons costumes", ao manter relações sexuais com outro homem. Cometeu suicídio em 7 de junho de 1954 por ingestão de cianureto, possivelmente pela perseguição que sofria por ser homossexual assumido em uma época em que o homossexualidade era criminalizado no Reino Unido.


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