Depois que Euclides provou, usando a matemática de sua época, que existem infinitos números primos, outros matemáticos também demonstraram, mas usando uma matemática muito mais avançada daquela que Euclides usou na sua demonstração.
Que existem infinitos números primos, não há mais dúvida após a demonstração dada por Euclides, mas e a distância entre dois números primos consecutivos, por que nenhum autor de livros de teoria dos números ainda não se pronunciou? É claro, que à medida que os números primos crescem, a distância entre dois números primos consecutivos cresce enormemente, haja vista que existem desertos de primos, com lacunas preenchidas por números compostos, de comprimentos tão grande quanto se queira,.
Será que existe algum caso particular no qual os números primos apresentem algum padrão na sua distribuição? Sim! É o que veremos a seguir.
Conjectura (Sebá 1): Se escolhermos uma sequência de n primos consecutivos p1, p2, p3, ⋯, pn−2, pn−1, pn, e subtrairmos (p2–p1), (p3–p2), ⋯ , (pn−1–pn−2) e (pn–pn−1), a soma das diferenças é igual a pn–p1, ou seja, pn–p1= (p2–p1) +(p3–p2) +⋯+(pn−1–pn−2) +(pn–pn−1).
Exemplo 1: 2,3,5,7,11,13,17
17–2=(3–2)+(5–3)+(7–5)+(11–7)+(13–11)+(17–13)15=1+2+2+4+2+4
Exemplo 2: 31,37,41,43,47,53
53–31=(37–31)+(41–37)+(43–41)+(47–43)+(53–47)22=6+4+2+4+6
Exemplo 3: 127,131,137,139,149
149–127=(131–127)+(137–131)+(139–137)+(149–139)22=4+6+2+10
Exemplo 4: 1901,1907,1913,1931
1931–1901=(1907–1901)+(1913–1907)+(1931–1913)30=6+6+18
Exemplo 5: 2689,2693,2699,2707
2707−2689=(2693–2689)+(2699–2693)+(2707–2699)18=4+6+8
E assim por diante.
Por meio dos exemplos da conjectura (Sebá 1), elaborou-se a seguinte conjectura:
Conjectura (Sebá 2): Se p1 e pn forem dois primos consecutivos e pn–p1=k, então k–1 é a quantidade de números compostos entre p1 e pn.
Exemplo 6: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=3 e pn=5, então pn–p1=2. Logo, k=2 e k–1=2–1=1. Portanto, existe um número composto entre os dois primos consecutivos 3 e 5.
Exemplo 6: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=3 e pn=5, então pn–p1=2. Logo, k=2 e k–1=2–1=1. Portanto, existe um número composto entre os dois primos consecutivos 3 e 5.
Exemplo 7: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=7 e pn=11, então pn–p1=4. Logo k=4 e k–1=4–1=3. Portanto, existem 3 números compostos entre os dois primos consecutivos 7 e 11.
Exemplo 8: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=23 e pn=29, então pn–p1=6. Logo k=6 e k–1=6–1=5. Portanto, existem 5 números compostos entre os dois primos consecutivos 23 e 29.
Exemplo 9: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=89 e pn=97, então pn–p1=8. Logo k=8 e k–1=8–1=7. Portanto, existem 7 números compostos entre os dois primos consecutivos 89 e 97.
Exemplo 10: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=139 e pn=149, então pn–p1=10. Logo k=10 e k–1=10–1=9. Portanto, existem 9 números compostos entre os dois primos consecutivos 139 e 149.
Exemplo 11: Sejam p1 e pn dois primos consecutivos p1=75042769 e pn=75042917, então pn–p1=148. Logo k=148 e k–1=148–1=147. Portanto, existem 147 números compostos entre os dois primos consecutivos 75042769 e 75042917.
E assim por diante.
Já que à medida que os números primos crescem, a distância entre dois números primos consecutivos também cresce. Vamos analisar o comprimento da distância entre dois números primos consecutivos por meio da diferença entre as suas raízes quadradas.
Conjectura (Sebá 3): Se p1 e p2 forem dois primos consecutivos e p2−p1=2n então as diferenças √p2−√p1 decrescem à medida que p1 e p2 crescem.
Tabela 1: A diferença √p2−√p1, para p2−p1=2
Tabela 2: A diferença √p2−√p1, para p2−p1=4
Tabela 3: A diferença √p2−√p1, para p2−p1=6
Tabela 4: A diferença √p2−√p1, para p2−p1=8
Tabela 5: A diferença √p2−√p1, para p2−p1=10
E assim por diante.
Nota-se pelas tabelas acima que para p2−p1=2, 4, 6, 8 ou 10, as diferenças √p2−√p1 decrescem à medida que p1 e p2
Será que a diferença √p2−√p1 é menor que a unidade porque as diferenças 2, 4, 6, 8 ou 10 são pequenas entre os dois primos consecutivos p1 e p2? Tendo em vista que à medida que os números primos crescem eles vão ficando mais escassos, será que se aumentarmos p1 e p2 para a ordem de centenas de milhares ou milhões, as diferenças √p2−√p1 continuarão menores que a unidade? É o que veremos a seguir.
Tabela 6: A diferença √p2−√p1, para 22≤p2−p1≤148
Para a tabela 6, nota-se que para p1 ep2 na ordem de milhões, as diferenças √p2−√p1 ainda continuam menores que 0,5.
Conjectura (Sebá 4): Se p1 e p2 forem dois números primos consecutivos, então √p2−√p1<1.
Qual será o comportamento da diferença √p2−√p1 se p1 e p2 nao forem consecutivos? Sempre que p2−p1=2, p1 e p2 são consecutivos, mas se p2−p1=4, 6, 8, 10, ⋯ p1 e p2 podem ser consecutivos ou não. Se não, vejamos:
Para p1=3 e p2=7, temos que p2–p1=4. Assim, p1 e p2 não são consecutivos porque existe o primo 5 entre os primos 3 e 7.
Para p1=7 e p2=11, temos que p2–p1=4. Assim, p1 e p2 são consecutivos porque não existe nenhum primo entre os primos 7 e 11.
Para p1=7 e p2=13, temos que p2–p1=6. Assim, p1 e p2 não são consecutivos porque existe o primo 11 entre os primos 7 e 13.
Para p1=23 e p2=29, temos que p2–p1=6. Assim, p1 e p2 são consecutivos porque não existe nenhum primo entre os primos 23 e 29.
Para p1=11 e p2=19, temos que p2–p1=8. Assim, p1 e p2 não são consecutivos porque existem os primos 13 e 17 entre os primos 11 e 19.
Para p1=89 e p2=97, temos que p2–p1=8. Assim, p1 e pn são consecutivos porque não existe nenhum primo entre os primos 89 e 97.
Para p1=13 e p2=23, temos que p2–p1=10. Assim, p1 e p2 não são consecutivos porque existem os primos 17 e 19 entre os primos 13 e 23.
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Para p1=139 e p2=149, temos que p2–p1=10. Assim, p1 e p2 são consecutivos porque não existe nenhum primo entre os primos 139 e 149.
Vejamos o comportamento da diferença √p2−√p1 se p1 e p2 não forem consecutivos:
Tabela 7: A diferença √p2−√p1 para p1 e p2 não-consecutivos
Nota-se pela tabela 7 que para p2−p1=4, 6, 8 ou 10, as diferenças √p2−√p1 aumentam à medida que p1 e p2 aumentam, chegando a serem próximas ou maiores que a unidade.
Conjectura (Sebá 5): Se p1 e p2 não forem consecutivos, então 0<√p2−√p1<1 ou √p2−√p1>1.
Este artigo foi cedido gentilmente por Sebastião Vieira do Nascimento (Sebá). Professor Titular (por concurso) aposentado da UFCG – PB, além de colaborador deste blog.
Veja mais:
Sobre os Primos Gêmeos
Deserto Entre Números Primos
Critérios de Divisibilidade por Qualquer Número Primo Maior que Onze
Mas o Sebá é danado!
ResponderExcluirGostei das conjecturas... Trabalhar com números primos e perceber alguns padrões assim é um bom estudo!
:0 Esperando o dia em que veremos teorias comprovadas a respeito destes números! Veremos?
Olá Charles! O Sebá é especialista nestes estudos sobre primos. Assim como estas, existem outras conjecturas elaboradas por ele, que gentilmente forneceu o material para publicação aqui no blog. Ainda são conjecturas e seria ótimo vê-las virar teoremas. Talvez leve algum tempo, quem sabe?
ExcluirObrigado pela visita e comentário!
Abraços!
Essa última é a famosa conjectura de andrica´s, isso já tinha sido observado
ResponderExcluirhttp://en.wikipedia.org/wiki/Andrica's_conjecture
Olá amigo. Obrigado pela informação. Vou comunicar o Prof. Sebá.
ExcluirAbraços.
Olá Kleber:
ResponderExcluirJá que seria, até impossível, pesquisar na internet ou consultar todos os livros de teoria dos números publicados por autores brasileiros e estrangeiros, e como já houve casos, na história da matemática, de dois matemáticos, morando em países diferentes, fazerem descobertas idênticas, logo, se a minha última conjectura coincide com a conjectura de Andrica´s, é mera coincidência. E, além disso, para mim, é um grande orgulho em saber que a minha conjectura coincide com a famosa conjectura de um matemático profissional em teoria dos números.
Sebá
E-mail:se.ba@uol.com.br
Olá Sebá.
ExcluirConcordo com você sobre as descobertas matemáticas de que é muito difícil saber de tudo o que é descoberto.
Agradeço pela confiança e por suas contribuições ao blog.
Abraços.
Muito interessante esse tópico !
ResponderExcluirHouve avanços por estes dias nestes temas de distâncias entre primos. Recebi um e-mail na lista da OBM com este link: http://observador.pt/2014/12/23/resolvido-um-dos-mais-antigos-misterios-dos-numeros-primos/
ResponderExcluirEstá ligada ao matemático Terry Tao e ao Polymath http://polymathprojects.org/
Existem alguns papers no arxiv.org sobre estes temas mas são de matemática bem complicada.
Peço ao Sebá que entre em contato comigo, tambem estudo estes números a anos e já encotrei alguns padrões. roberto.professor@hotmail.com
ResponderExcluirProfessor Roberto. Enviei um e-mail ao Sebá para que entre em contato com você.
ExcluirUm abraço.
Sob pena desse blog perder a credibilidade como referências em assuntos matemáticos é necessário que se mude urgente o título desse post. Fica uma impressão bastante embaraçosa o autor reivindicar para si, nos dias de hoje de fácil pesquisa, um resultado bem conhecido na literatura matemática. Na edição 31 da revista Studia Univ. Babes-Bolyai Math, Dori Andrica fez essa conjectura em 1986. No mundo inteiro esse resultado é conhecido como Conjectura de Andrica. Fica uma situação muito canhestra e de certa forma risível este blog apresentar de outra maneira. Peçam que o autor conserte seu equívoco ou retire esse texto que diminui a confiabilidade do blog.
ResponderExcluirOlá Kleber:
ResponderExcluirJá que seria, até impossível, pesquisar na internet ou consultar todos os livros de teoria dos números publicados por autores brasileiros e estrangeiros, e como já houve casos, na história da matemática, de dois matemáticos, morando em países diferentes, fazerem descobertas idênticas, logo, se a minha última conjectura coincide com a conjectura de Andrica´s, é mera coincidência. E, além disso, para mim, é um grande orgulho em saber que a minha conjectura coincide com a famosa conjectura de um matemático profissional em teoria dos números.
Sebá
E-mail:se.ba@uol.com.br