Uma breve análise sobre a expectativa de vida do brasileiro e um pouco de lógica para repensar nossos relacionamentos.
A Matemática pode ajudar nos relacionamentos?
Sim e não.
Quero deixar um ponto de vista para que pensemos um pouco mais sobre como nos relacionamos com as pessoas.
Na verdade, não precisaria de Matemática para chegar a certas conclusões, bastaria um pouco de bom senso, talvez. No entanto, se fizermos uso de um pouco de lógica e matemática básica, podemos obter resultados chocantes (pelo menos para mim foi, quando analisei desta maneira).
Você mora com seus pais? Se sim, bem, então provavelmente os veja todos os dias. Mas se você mora sozinha(o) ou se já se casou, vou deixar aqui algumas perguntas:
Quantas vezes por ano você vê seus pais? Todos os dias? Uma vez por semana? Uma vez por mês? Só nos dias dos aniversários deles? E é o suficiente? E o que é o suficiente para você? E para eles?
Vou deixar uma estatística que pode ser encontrada no site do IBGE:
Em 2019, a expectativa de vida para os homens era de 73,1 anos e para as mulheres era de 80,1 anos.
Mas vamos fazer algumas contas simples para entender onde pretendo chegar com essa conversa toda.
Pegue a idade de seus pais e subtraia da expectativa de vida dos brasileiros e veja quantos anos de vida ainda são estimados para seus pais. Claro que esses são valores médios. Eles podem viver menos ou muito mais. Mas faça esse cálculo.
Agora, multiplique essa quantidade de anos pela quantidade de vezes que você vê seus pais.
O resultado será a quantidade de vezes que verá seus pais até eles morrerem. Parece um pouco insensível vista dessa forma, mas é um fato.
Em nosso cotidiano sempre estamos correndo para sobrevivermos, arrumando desculpas para coisas que poderiam ser mais simples.
Conheço pessoas que veem seu pais praticamente todos os dias; outras, apenas de vez em quando.
Hoje, tenho 45 anos. Se meus pais estivessem vivos, meu pai teria 70 anos e minha mãe 69 anos. Assim, segundo as expectativas de vida para homens e mulheres, meu pai e minha mãe teriam ainda 3 e 11 anos de vida, respectivamente.
Hoje em dia moro em uma cidade diferente de onde morava antigamente com meus pais, o que dificultaria, de certa forma, visitá-los e passar o maior tempo possível com eles.
Suponhamos que eu os encontrasse uma vez por mês. Em 1 ano, os encontraria 12 vezes. Multiplicando por 3 e por 11, obteremos:
$$12 \times 3 = 36 \quad \text{e} \quad 12 \times 11 = 132
$$
Ou seja, estaria com meu pai apenas mais 36 vezes, e minha mãe, 132 vezes! Infelizmente, não os vejo há muito tempo. Mas, talvez os veja daqui a 28 anos, quem sabe?
Impossível eu saber como é seu relacionamento com seus pais, mas, independentemente dos problemas que hajam, tente repensar essa relação e colha os melhores frutos que puder.
Mas faça suas contas e tire suas conclusões. Você pode aplicar esse conceito para seus demais familiares e amigos.
Somos apenas números para um sistema capitalista que nos usa para se autoalimentar, mas nossa vida é finita, curta demais para criarmos barreiras contra pessoas que deveriam ser importantes e caras para nós.
A expectativa de vida em Brasil no pós-Covid19:
Para situar o leitor, no momento em que este artigo foi escrito, o Brasil enfrentava sua maior crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19, por causa das políticas sanitárias pró-vírus adotadas pelo desgoverno brasileiro.
O total de casos chegava a 15 milhões e as mortes já passavam de 415 mil.
Segundo o site da BBC, um cálculo feito pela demógrafa Márcia Castro, aponta que a expectativa de vida em 2020 reduziu em 2 anos:
O brasileiro perdeu quase dois anos de expectativa de vida em 2020 por causa da pandemia de covid-19. Em média, bebês nascidos no Brasil em 2020 viverão 1,94 ano a menos do que se esperaria sem o quadro sanitário atual no país.
E a tendência para 2021 é que piore ainda mais.
Nossa, meu amigo! Me emocionou!
ResponderExcluirMeu amigo, não sei muito bem o que dizer... Espero que esteja em paz. Um forte abraço!
ExcluirBoa tarde Kleber!
ResponderExcluirSempre acompanho seus artigos, quase nunca comento, mas esse post é um choque de realidade, para aqueles que dizem que quem é de exatas (apesar de eu discordar dessa divisão do conhecimento em caixinhas limitantes) não tem sensibilidade e humanidade você mostra matematicamente como o sistema nos molda pra sermos cada vez mais insensíveis.
Hoje com 36 anos, várias pessoas na família que já partiram, o texto me trouxe uma reflexão sobre o que realmente importa em uma sociedade. Me fez refletir sobre o tempo, como estou usando este tempo, como às vezes por ganância vendemos esse tempo, abdicando de passar momentos com quem realmente importa, momentos que dinheiro nenhum paga, momentos que não podem ser quantificados financeiramente.
Muito obrigado pela leitura, espero que esteja bem neste momento difícil que estamos passando.
Abraços,
Rene
Olá Rene, como vai? Espero que bem!
ExcluirEu e minha família estamos bem, seguimos nos cuidando o melhor que podemos.
Quero agradecer por se dispor a ler este artigo e comentar.
Tolkien escreveu através de Gandalf: "Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado."
O texto é para dizer que o tempo não volta, a matemática é só um pretexto. Perdemos tanto tempo com coisas inúteis, apenas para uma satisfação momentânea e esquecemos do que realmente importa, o que levaremos após essa vida.
Cuidem-se.
Uma abraço!